Hoje se fala todo instante em mudança! Em um mundo globalizado, a mudança acontece rápida. A imprensa nos bombardeia todo dia com essa informação.
As empresas lucram muito com isso, lançam uma novidade a cada instante, eles mudam poucas funções, e talvez funções nem tão importantes. Mas logo vem na cabeça: o mundo está mudando rápido, tenho que trocar meu aparelho pelo novo lançamento. Preciso me atualizar!
Na área profissional é a mesma coisa. As faculdades vivem fazendo propagandas cada vez mais inteligentes. Eles fazem de um jeito, que a pessoa acaba de sair da colação de grau e já se sente desatualizado. Passa-se a vida toda estudando, tornando-se cada vez mais qualificado em uma única área. E se ficar mais de dois meses sem fazer um curso, sente-se culpado e desatualizado e logo se matricula em outro curso, dormindo a uma da madrugada e acordando às cinco da manhã. Será que é necessário estudar tanto? Conheço gente que se deu muito bem na vida, estudando apenas o necessário, e reservando mais tempo para se divertir, ficar com a família.
Não sou a favor da ignorância, pelo contrário, a sabedoria nos liberta, mas será que os cursos profissionalizantes nos torna sábios ou apenas qualificados? Tenho minhas duvidas! Pessoas bem sucedidas passam a vida investindo na carreira, criando rede de relacionamentos. Eu chamaria de, “rede de interesses”, por manter contato com mero interesse profissional.
Mulheres que sacrificam a vida para juntar fortunas e esconde as suas lastimas em uma cobertura com vista para o mar. Recusa um cafuné na cabeça, para não desmanchar sua progressiva caríssima. Não mantém relacionamento duradouro, para provar a sociedade que é auto-suficiente.
Homens que pagam um salário mínimo para entrar na balada. E na futilidade da noite, mostrar sua camisa de grife, paga vinte mil reais em uma garrafa de champanhe para alimentar seu ego e ostentar sua insignificância social.
Estamos perdendo a simplicidades das coisas. Tomar sorvete em uma tarde de domingo ensolarado? Não dá!... Porque sábado à noite encontrou uma companhia, e só saiu do motel no domingo à tarde, na qual entraram sorridentes e felizes e saíram calados e vazios, porque o sexo mata desejos, mas não alimenta a alma.
Perdeu a essência dos sentimentos. Prefere viver um “lance” a um relacionamento, porque o “lance” tem a falsa noção de ter alguém, e o relacionamento tem que se doar. E como o mundo está globalizado temos que mudar rápido, e se doar para alguém é perder muito tempo, por isso fica no “lance”, porque é mais rápido e tem sempre alguém disponível para um “lanche”.
Parei de assistir telejornais, eles nos tornam pessoas medrosas. Revista de beleza só serve para nos mostrar o quanto somos feios.
Sou uma pessoa antiquada que acredita que os valores estão no respeito que alguns pais tentam passar para os filhos, nas coisas simples da vida, como aquele namoro de horas no portão, com um monte de beijos. Aquele bilhete deixado na mesa da cozinha em uma segunda-feira de manhã: “Vou entrar mais cedo hoje no serviço... Você estava dormindo como anjo, não quis lhe acordar!... Obrigado pela noite”. Nos momentos em que a pessoa senta no sofá da sala e empresta seu colo para encostar sua cabeça e liberar toda sua raiva que passou durante o dia no serviço.
Por mais que o mundo mude. Que criem as mais avançadas tecnologias. Que a internet se torne cada vez mais rápida e prática. Que você suba tanto na carreira e torna-se presidente. Que consiga todo o dinheiro do mundo... Se não se entregar a um toque de uma mão carinhosa, a um sorriso ao reencontro, deixar ser amado, por mais que isso lhe traga medo, dúvida e insegurança, nunca entenderá o que é ser feliz.