domingo, 27 de dezembro de 2009

Adeus ano velho!



Marco arrumava sua mala. Não estava nem um pouco com vontade de ir para praia.
Nessa época do ano a praia fica um inferno, tudo cheio, fila para tudo e ainda mais, sempre falta água.
Mas todo final de ano era a mesma coisa, sua família tinha que alugar uma casa na praia.
Ficavam horas parados no trânsito para ver alguns segundos de fogos.
Ver gente pulando onda, jogando flores brancas no Mar. Como se isso fosse resolver os problemas que nem eles mesmos sabem como resolver.
Sua mãe entrou no quarto:
-Filho não demora! Seu pai já está chegando.
Ele apenas olhou-a e continuou a guardar a roupa.
Nunca ligou muito para o tempo mesmo, sempre achou uma inutilidade comemorar troca de ano. Sempre a mesma coisa! Muitos planos e pouca ação.
Só a troca de ano, porque se fossem dias corridos, não pararíamos para analisar o que deixamos de fazer, e passaríamos a vida toda trancado em um escritório.
Mas um sábio homem criou o calendário e depois disso começamos há medir o tempo.
E no final de cada ano paramos e analisamos o que deixamos de fazer e fazemos várias promessas para o próximo ano. Pena que passa o ano e continuamos sem fazer as coisas que planejamos, virando um círculo vicioso, analisamos, identificamos, fazemos promessas e continuamos a agir da mesma forma. E o que podemos dizer é somente: - Adeus ano velho e que venha ano novo!
Fechou sua mala e desceu as escadas, colocou-a no porta-malas do carro e seguiu em direção a praia.
O tempo estava nublado, mais isso não importava para seu pai que sempre no último dia do ano tinha que ver o Mar. Era até bonito isso, o chato, era que todo mundo tinha a mesma idéia que ele e com isso a Marginal lotava de carros. Apenas encostei minha cabeça no banco e fechei os olhos e tentei relaxar porque a viagem ia ser longa.
Acordei com meu pai desligando o motor e minha mãe me chamando.
A casa era bonita, apenas deu tempo de colocar à mala no sofá e meu pai me pegou pela mão e saíamos para praia.
A dificuldade era grande de andar na calçada devido os pedestres.
Realmente o cenário da praia era bonito, a onda em contato com a areia em um vai e vem constante, o Mar tão calmo e ao mesmo tempo tão barulhento.
Ao colocar meus pés na areia, meu pai largou minha mão e saiu correndo pulando no Mar. Era impressionante a felicidade dele. Já estava acreditando que o Mar era um purificador de alma, como ele dizia.
Pensei em entrar também, mas vi junto com as ondas uma espuma branca causada pelo esgoto que os homens teimam em jogar no Mar, aí desisti. É impressionante como o homem é capaz de acabar com a natureza, um Mar tão grande e eles conseguem poluir!
Meu pai saiu do Mar e voltamos para casa.
A meia noite chegou, e com ela todas as pessoas que tiveram a mesma idéia de passar a virada do ano na areia da praia.
Todos de branco, a alegria que demonstravam era contagiante. Elas se abraçavam. Fiquei a imaginar quantas vezes durante o ano a mãe abraçou o filho! A irmã abraçou o irmão! Por que eles não carregam essa alegria da virada do ano para o ano todo?
O céu se abrilhantou com várias espécies de fogos de artifício. Nuvem de fumaça encobria todos os planos que deixamos para trás.
O ano novo chegou e agora era à hora de esquecer o que passou e recomeçar tudo que planejamos.
E que a champanhe nos banhe de força e as flores brancas que jogaram no Mar, para todos os santos, nos ajudem para que o próximo ano seja de muitas conquistas.
No próximo réveillon estaremos aqui de novo e não como um simples espectador olhando para o Mar que sorri das nossas fraquezas, mas sim como a nuvens dançando e cantando a nossa vitória.
Ano novo! Seja bem vindo e traga com si a alegria de que viver é bom, que cada minuto é eterno, e que cada sonho realizado é uma dádiva, e que a vida é um livro e nós somos os autores, os maestros da nossa vida.
Meu pai segurou na minha mão, os fogos cessaram, agora apenas restava irmos para casa e esperar alguns segundos de magia do próximo final de ano.