domingo, 27 de dezembro de 2009

Adeus ano velho!



Marco arrumava sua mala. Não estava nem um pouco com vontade de ir para praia.
Nessa época do ano a praia fica um inferno, tudo cheio, fila para tudo e ainda mais, sempre falta água.
Mas todo final de ano era a mesma coisa, sua família tinha que alugar uma casa na praia.
Ficavam horas parados no trânsito para ver alguns segundos de fogos.
Ver gente pulando onda, jogando flores brancas no Mar. Como se isso fosse resolver os problemas que nem eles mesmos sabem como resolver.
Sua mãe entrou no quarto:
-Filho não demora! Seu pai já está chegando.
Ele apenas olhou-a e continuou a guardar a roupa.
Nunca ligou muito para o tempo mesmo, sempre achou uma inutilidade comemorar troca de ano. Sempre a mesma coisa! Muitos planos e pouca ação.
Só a troca de ano, porque se fossem dias corridos, não pararíamos para analisar o que deixamos de fazer, e passaríamos a vida toda trancado em um escritório.
Mas um sábio homem criou o calendário e depois disso começamos há medir o tempo.
E no final de cada ano paramos e analisamos o que deixamos de fazer e fazemos várias promessas para o próximo ano. Pena que passa o ano e continuamos sem fazer as coisas que planejamos, virando um círculo vicioso, analisamos, identificamos, fazemos promessas e continuamos a agir da mesma forma. E o que podemos dizer é somente: - Adeus ano velho e que venha ano novo!
Fechou sua mala e desceu as escadas, colocou-a no porta-malas do carro e seguiu em direção a praia.
O tempo estava nublado, mais isso não importava para seu pai que sempre no último dia do ano tinha que ver o Mar. Era até bonito isso, o chato, era que todo mundo tinha a mesma idéia que ele e com isso a Marginal lotava de carros. Apenas encostei minha cabeça no banco e fechei os olhos e tentei relaxar porque a viagem ia ser longa.
Acordei com meu pai desligando o motor e minha mãe me chamando.
A casa era bonita, apenas deu tempo de colocar à mala no sofá e meu pai me pegou pela mão e saíamos para praia.
A dificuldade era grande de andar na calçada devido os pedestres.
Realmente o cenário da praia era bonito, a onda em contato com a areia em um vai e vem constante, o Mar tão calmo e ao mesmo tempo tão barulhento.
Ao colocar meus pés na areia, meu pai largou minha mão e saiu correndo pulando no Mar. Era impressionante a felicidade dele. Já estava acreditando que o Mar era um purificador de alma, como ele dizia.
Pensei em entrar também, mas vi junto com as ondas uma espuma branca causada pelo esgoto que os homens teimam em jogar no Mar, aí desisti. É impressionante como o homem é capaz de acabar com a natureza, um Mar tão grande e eles conseguem poluir!
Meu pai saiu do Mar e voltamos para casa.
A meia noite chegou, e com ela todas as pessoas que tiveram a mesma idéia de passar a virada do ano na areia da praia.
Todos de branco, a alegria que demonstravam era contagiante. Elas se abraçavam. Fiquei a imaginar quantas vezes durante o ano a mãe abraçou o filho! A irmã abraçou o irmão! Por que eles não carregam essa alegria da virada do ano para o ano todo?
O céu se abrilhantou com várias espécies de fogos de artifício. Nuvem de fumaça encobria todos os planos que deixamos para trás.
O ano novo chegou e agora era à hora de esquecer o que passou e recomeçar tudo que planejamos.
E que a champanhe nos banhe de força e as flores brancas que jogaram no Mar, para todos os santos, nos ajudem para que o próximo ano seja de muitas conquistas.
No próximo réveillon estaremos aqui de novo e não como um simples espectador olhando para o Mar que sorri das nossas fraquezas, mas sim como a nuvens dançando e cantando a nossa vitória.
Ano novo! Seja bem vindo e traga com si a alegria de que viver é bom, que cada minuto é eterno, e que cada sonho realizado é uma dádiva, e que a vida é um livro e nós somos os autores, os maestros da nossa vida.
Meu pai segurou na minha mão, os fogos cessaram, agora apenas restava irmos para casa e esperar alguns segundos de magia do próximo final de ano.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sai da frente que quero passar!


Arrumei a gravata cantarolando uma música alegre me mantendo feliz para ir trabalhar. Cinco minutos haviam passado do horário que saia para o trabalho. Peguei a pasta desci as escadas a mil. O cheiro de café me fez diminuir a velocidade dos meus passos. Respirei fundo mais não dava tempo de tomar o café. Não trabalho longe, são os obstáculos do caminho que impedem a minha chegada rápido.
Entrei no carro acelerando, me sentindo o Rubinho Barrichello, principalmente quando tive que parar atrás de outro carro!
E foi ai que começou o meu desespero. É impressionante como cinco minutos que saímos atrasados faz uma grande diferença no trânsito de São Paulo. A fila de carros era enorme.
O que me irrita é a bondade de nós brasileiros. Segue um carro atrás do outro em fila e ninguém reclama. Mas, não é reclamar com o carro do lado que não deu seta e entrou na sua frente, e sim, reclamar com as autoridades responsáveis. Exigir um meio que resolva esse problema do trânsito em São Paulo. Vi uma pessoa correndo no acostamento se exercitando e liguei o cronômetro do relógio. Verifiquei quanto tempo levava para ultrapassá-lo. Levei quinze minutos para voltar a vê-lo. Porque ele seguiu em frente e não o vi mais.
Conclusão: Deixam seus carros em casa e vão para o serviço correndo, vai entrar em forma e ainda ajuda o Governo com o fim do transito.
Eles iriam fazer o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para o trânsito, porém desistiram, teria que mudar o nome para PDC (Programa de Desaceleração Continua). Fique pensando o que fazer no trânsito. Ginástica seria uma boa!
Vou mandar uma sugestão para o Governo. Pedir para colocar um Professor de educação física no meio do trânsito dando aula de alongamento, tudo bem se chega no serviço estressado, mas o corpo vai está alongado! E em certa hora, dar até para sair do carro e fazer polichinelo. Seria bizarro mais talvez funcionasse!
Podia também, mandar as crianças que ficam fazendo marabale no trânsito para escola e colocar no lugar um Circo fazendo seus espetáculos. Como os paulistanos não têm tempo ou dinheiro para cultura, então vamos levar a cultura para eles e, para atingir o público máximo, nada melhor, que no trânsito.
Imagina: respeitáveis motoristas! Sei que vocês queriam estar em outro lugar. Como não tem outro jeito. Vou lhe apresentar o meu número. Um aviso de última hora: os palhaços não vieram, eles não queriam concorrer com vocês ai dentro do carro!
Fui tirado da minha utopia pelo barulho de uma sirene pedindo passagem. Pensei: “ir para onde”? Vi carro na frente, atrás, do lado, joguei o meu no canteiro e fiquei indignado com algumas pessoas que pensam que são espertas e vai seguindo atrás da ambulância para fugirem do trânsito podendo causar um acidente. Brasileiros sempre querendo tirar vantagem!
Depois de muita angústia e paciência consegui chegar ao trabalho. Começando o dia irritado, porque se peguei trânsito para vir, pegarei para voltar. Mais como sou legítimo brasileiro que aceita tudo do Governo, vou continuar meu dia buscando paciência, não sei aonde, para enfrentar o mesmo trânsito para voltar pra casa e assim seguimos em frente, ou melhor, tentamos...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Não dê esmola, dê futuro!




O Sol refletia no asfalto o fervor da sua ira, o barulho ensurdecedor dos carros envolvia a cabeça do Cleiton que ensaiava em um pequeno espelho de mão a cara de coitado, esperando o farol fechar. Os primeiros carros foram parando rente a faixa. A interpretação começou: o palco era a rua e a platéia dentro dos carros aplaudiam o coitadinho do Cleiton, sem ao menos olhá-lo. Ele, sorrindo, pensou ao jogar as inúmeras moedas no bolso: “Estou ficando bom nisso”. Olhou no relógio e viu que o carrão que o financiava estava atrasado e logo agora, que faltava pouco para ele comprar o que tanto queria.
O farol abriu e ele voltou para seus sonhos. Tinha vários sonhos: comprar uma moto muito louca, dar um “rolê” na praia, entrar no shopping e comprar uma roupa muito “dahora”. Estava experimentando a roupa e o farol fechou junto com seu sorriso. Viu o carrão parado e foi até o carro bateu no vidro que foi abrindo aos poucos, o motorista nem olhou no rosto dele.
- Dá um dinheiro tio?
Recebeu dois reais e agradeceu. – Obrigado tio.
Contava as moedas ao sentir a mão nas costas.
- E ai moleque já arrumou a grana?
- Falta pouco irmão!
- Então a parada está guardada, quando tiver a grana me passa um “fio”.
- Falou mano, quando tiver o dinheiro te ligo.
Sentou e ficou pensando nos seus sonhos. Queria estudar, mas ia para escola e não aprendia nada, ou melhor, aprendeu sim, a primeira vez que fumou maconha foi na escola. Queria ser advogado andar engravatado ser chamado de doutor, pegar várias “minas” bonitas. Mas onde ele morava e com os pais que ele tinha não ia ser nada. Se quisesse viver tinha que fazer os “corres” dele.
Seu o pai vivia dizendo:
- Já tem quatorze anos. Está na hora de arrumar dinheiro para casa! O farol fechou e lá foi ele de novo. - O bom de pedir dinheiro no farol é que o povo comprovava o que eu sempre soube: que sou um nada. Quando me vêem chegando sobem o vidro ou fingem que não me vê. Mas isso logo vai acaba. Eles ainda vão olhar nos meus olhos. Falta pouco.
- Dá um dinheiro tio, vinte centavos servem.
- Obrigado tio!
A noite chegou. Antes de voltar para casa parou, desenterrou a lata com seu dinheiro guardou um pouco e levou o resto para o pai. Chegou a casa ouviu de fora a gritaria. Foi sorteado, era dia de briga pai versus mãe. Abriu a porta e recebeu um carinho do pai, um tapa na cara que o fez ver o chão rodar.
- Aonde você tava até agora, cadê o dinheiro?
Meteu a mão no bolso retirou as moedas e recebeu outro tapa.
- Não acredito que você apenas conseguiu isso. O filho do vizinho chegou antes e trouxe bem mais.
Ele apenas com a cabeça baixa, ouvia. Não adiantava recrutar pois, a cada palavra dele, recebia um tapa do pai. Esperou o pai terminar e foi para sua cama sonhar com um lugar maravilhoso, sem pobreza e sem pai.
O Carrão parou na frente dele e sem que ao menos pedisse, o homem abriu o vidro, estendendo a mão com dois reais. Assim que pegou o dinheiro o homem fechou o vidro. Ele ficou ali parado, olhando o carro ir embora, pegou o dinheiro que tinha no bolso, contou, sorriu de alegria e correu para o orelhão.
- Mano já tenho o dinheiro, encontro você aonde? Tudo bem! Estou indo ai.
O farol fechava e ele ansioso esperava o Carrão e nada dele chegar. Ao ver o carro apontar longe. Apertou o botão para abrir o farol para pedestres, pensou: “estou com sorte”, ao ver o farol fechar, e o Carrão diminuir a velocidade e parar.
O vidro foi abrindo e o homem esticou o braço com os dois reais na mão
- Ola tio! É melhor o senhor olhar para mim. Se assustou né? É um calibre 9 mm fabricada na Alemanha. Sabe Alemanha? Hitler! O senhor sabe é inteligente, o cano dela é gelado né! Comprei com seus dois reais, e para agradecer, o senhor vai ser o primeiro que assalto. – Vai logo passa carteira, relógio e quero aquele computadorzinho no banco também. – Qual é o nome dele? Isso mesmo, notebook! Vai logo que o farol vai abrir, isso mesmo seja bonzinho, não vai querer que eu aprenda a atirar em teu corpo né?
- Valeu tio e da próxima vez que for ajudar alguém, olha no olho dele. E assim Cleiton iniciou sua trajetória na vida do crime, financiado pelos dois reais que recebia no farol, não dê esmola, dê futuro! Ajude a tirar uma criança da rua hoje para ela não te assaltar amanhã!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

ECLIPSE.


Todos se preparavam chegou o grande dia, fogos de artifícios foram preparados com cuidado, às pessoas passavam de um lado para o outro comemorando a chegada. O Grande Criador mandou avisar a todos que era dia de festa, o nascimento do seu filho.
Na sala a movimentação mostrava a preocupação e o cuidado dos médicos para que tudo fosse perfeito. Passaram algumas horas e o médico foi o primeiro a sentir o seu calor, todos olharam para o Grande Criador e ele balançou a cabeça concordando com a perfeição que ele criará.
A senhora Delicadeza deitada na mesa do parto olhou para o Grande Criador.
- Qual será o nome dele?
O Criador pegou nos braços e levantou-o bem alto.
- Ele chamará Sol o invencível! E avise para todos que a festa começa agora e não tem dia para acabar, o meu filho nasceu.
No outro lado da cidade, movido por gritos e dores fortes a parteira conseguiu retira-la da barriga, a sua mãe Fonte de Luz olhou-a e sorriu. O barulho de fogos chamou sua atenção, sabia da festa que havia na cidade, pensou como seria bom se fosse para sua filha, porém na sala só estava ela e a parteira e ninguém ia comemorar aquele nascimento, além dela mesmo. A parteira perguntou qual seria o nome dela.
- Ela se chamará Lua, acalmará os corações e será testemunha dos enamorados.
E assim os dois cresceram cada um sendo preparado para sua missão. Porém o senhor Destino brincalhão que é resolveu unir os dois.
O Sol passeava pelos campos floridos, pensava nas palavras do seu pai. “Você vai ser o rei dos reis”, uma voz doce o chamou atenção, se deixou envolver por ela.
- Vire-se para mim. Quero ver se sua beleza acompanha a sua voz?
A Lua parou de cantar e virou se.
- Impressionante como és bela!
A Lua agradeceu timidamente.
- Meu nome é Sol, qual o seu?
A Lua ouvia sempre a sua mãe falar do Rei Sol, que todos se curvavam perante a ele, agora ela ali na frente dele.
- Lua! Meu nome é Lua.
-Aonde você se escondeu por tanto tempo?
- Minha mãe não gosta que saia de casa, está me preparando para uma missão.
- Que missão é essa?
- Não entendo direito, ela me disse que serei a Luz para os que vêem e não enxergam que eles olharão para o céu e iram ver em mim uma esperança.
- Eu sou treinado desde quando nasci para ser a Fonte da vida. Respondeu o Sol.
Os dois ficaram conversando cada um contando sua missão.
Junto com o Destino o senhor Cupido atirou uma flecha e ali nasceu um grande amor proibido.
O Sol voltou para casa correu para o grande Criador que lia no silêncio do paraíso.
- Encontrei a minha companheira de vida, a quero do meu lado para sempre.
O Grande Criador olhou calmamente. – Esquece! Sua missão não permite companheira!
- O senhor não está entendendo, sem ela não tem missão nenhuma.
O Criador levantou olhou para ele, sentia seu calor, isso acontecia sempre que o Sol era desafiado, e áspero respondeu: - Você não tem escolha, vai cumprir sua missão independente da sua vontade! Agora saia.
Os dias passaram o Sol não tocou mais no assunto até o dia que entrou na casa com a Lua.
O Grande Criador ao vê-la estremeceu deu um soco na mesa. -É armação do Destino, é o único que atrapalha meus planos, tudo vai bem, o Destino aparece os planos acabam e ficamos ao acaso dele, mais dessa vez ele não vai atrapalhar. O Sol não pode ficar com a Lua é impossível!
- O que faz aqui com ela?
- Vim dizer que aonde eu for ela irá comigo.
O Criador enfurecido de raiva gritou: - Disse-te que não quero! Você não pode ter companhia, larga ele e saia daqui agora. Apontava para porta. A Lua estremeceu de medo e ameaçou sair. O Sol a segurou.
- Você não vai a lugar nenhum! Virou para o Criador: - Preparou-me para ser um Rei e como Rei faço minhas próprias escolhas, se não a aceita, irei embora, viverei como um qualquer mais viverei com ela. O Sol virou para sair, quando Delicadeza e Fonte de Luz entram na sala de mãos dadas.
As duas pronunciaram juntas: - Meus filhos escutem o Grande Criador, é impossível a união de vocês. - Sol você foi criado para dar a luz para milhares de terrestres, sem você não haverá vida nos Planetas.
- Ela irá comigo, ficará ao meu lado.
- Não! Gritou o Grande Criador.
Delicadeza acariciou o filho: - Filho! Fomos criados para uma missão e temos que cumpri-la mesmo que cause dor para quem amamos.
O Sol respondeu tão eufórico, que seu calor esquentava todos que ali estavam: - Nada e nem ninguém vai me separar dela.
A Lua tocou nele e foi o acalmando e esfriando-o: - Meu amor eu entendo o que sua mãe está dizendo tudo ficou mais claro para mim, não podemos deixar nosso orgulho falar mais alto, você precisa cumprir sua missão.
O Sol não gostou e gritou com ela: - Assim que você me ama? Estou deixando meu trono por você e me disse que agora está tudo mais claro.
A Lua acariciou-o: Nem a eternidade nos separará. Se não poderei ficar ao seu lado ficarei na sua frente, o seu calor me iluminará, ficarei em orbita para sempre ser aquecida pela sua luz.
- Não posso aceitar! Como viverei olhando para você sem poder te tocar?
O Grande Criador emocionado pela cena pronunciou: - Permitirei que vocês se encontrem por pouco tempo e nessa hora tudo ficará escuro para que ninguém os veja e darei o nome de Eclipse Solar para que todos saibam que esse momento é único para os dois.
O Sol revoltado não aceitou. A Lua virou para o Grande Criador e respondeu: - Pois eu aceito. Ficar um segundo ao lado dele é viver a eternidade esperando esse segundo.
O Sol virou para a Lua: - Você lembra a canção que cantava no dia que a conheci?
- Lembro!
- Cante ela para mim.
- Cantarei todos os dias, ouvirá sempre minha voz por perto e quando ouvir a parte que você me interrompeu é porque estarei ao seu lado.
O Grande Criador se pronunciou: - Agora vocês partiram para cumprir suas missões.
O Sol gritou bem alto para toda a cidade ouvir.
- Não fugirei da minha missão, contudo amaldiçôo os terrestres, ninguém conseguirá olhar direto para mim, quem ficar exposto a mim terá a pele queimada, se alguém tentar tocar em mim será estorricado e buscarei um jeito de acabar com eles e mostrarei a eles a minha ira.
O Grande Criador preocupado criou algumas barreiras para filtrar o calor do Sol, contudo se preocupou com a Senhora Ignorância que ia acabar com eles.
A despedida foi triste.
Fonte de Luz pediu para Lua não ir, sempre soube da missão da filha, mas não queria vê-la viver na solidão somente para acompanhar o Sol.
A Lua beijou a mãe e disse: - Somente entende o amor que o vive.
Os dois foram lançados no Universo. De dia Sol esquenta tudo com sua ira e a Lua vem na noite cantarolando para esfriar o seu amado, esperando o dia que os dois se encontrarão por alguns segundos.
O Grande Criador virou para o Destino: - Você aprontou mais uma, colocou em prova um Universo inteiro.
- Foi para essa missão que você me criou, tornar possíveis encontros e desencontros, tudo aquilo que toco há um propósito, não tenho culpa que a Senhora Ignorância não permite que eles enxerguem a sua missão.
O Grande Criador deu uma gargalhada: - Se a vida fosse fácil, não haveria beleza nela, o bonito da vida são os desafios, as conquistas, eles sim farão o mundo se mover e no final tudo que criei terá suas experiências, voltaram para mim e faremos uma grande festa juntos. Sorrindo os dois seguiram seus caminhos.

Osvaldo Valério

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Centro de São Paulo






PARTICIPEI DO CONCURSO DE POESIA DA FACULDADE ADVENTISTA PARANAENSE, FIQUEI EM SEGUNDO LUGAR COM ESSE TEXTO.

Maria partiu para um lugar deserto, queria conversar com ela mesma. Não entendia o que é conversar com ela mesma! Mas quem entendia a Maria? Tarefa difícil. Encontrar um lugar deserto em São Paulo, mas ela saiu a procurar, encontrou uma árvore, isso mesmo, uma única árvore solitária igual à Maria, ela se ajeitou, e deixou seus pensamentos tomar conta dela, mas era tanta gente em seus pensamentos que descobriu que não estava sozinha.Maria saiu andando pela rua, parou no boteco tomou um pileque, cuspiu no chão, agradeceu o santo, mostrou o dedo para um senhor que olhava com desdém. Avistou de longe um cachorro que cheirava o lixo buscando comida e logo na frente um homem que rasgava o lixo e comia a comida que havia nele. Maria ficou indignada com o cachorro. Coitado comendo comida do lixo! Passou a mão na cabeça dele e atravessou a rua para não encostar-se no homem.São Paulo torna atraente para quem tem o que fazer, as pessoas correm tanto com o que fazer que nem olha para o que a cidade não tem a oferecer. Maria não entendia por que o Centro da cidade que leva o nome de Centro por que é aonde começa a cidade. Ser assim... Tão feio, sujo, pichado... Podia mudar o Centro de São Paulo para Brasília ai só ia ter político e para eles, acredite, ia ficar bonitinho!Maria pensava no que fazer. Não tinha dinheiro e nem sabia como arrumar. Maria não acreditava. Como pode uma cidade com tanta coisa para fazer! E ela não sabia o que fazer. Balançou a cabeça e continuo. Para aonde eu não sei! Nem Maria sabia. Nem ela sabia o que fazia ali. Parou na Praça do Correio e ficou olhando gente banhando na fonte. Que horror! Gente sem classe, aonde já se viu tomar banho de roupa, que fique pelo menos nus.Uma cara besta encostou-se nela: - E ai gracinha ta sozinha? Não, estou com sua mãe, ela está tomando banho na praça, olha lá, o cara se foi. Ela ficou a imaginar o que fazer naquele lugar chamado Centro.Seguiu em frente e saiu na rua que vende essas coisas ai que usam no computador. Ora povo sem educação! Um ambulante gritou no ouvido dela, ela virou e falou um palavrão para ele. Explicou-se para a mulher ao lado que ouviu o palavrão. Para que quero programas de computador se nem tem computador! Maria viu de longe uma mulher sentada no chão com uma ferida na perna pedindo esmola, se indignou. Em São Paulo até doença dá dinheiro! E ela não sabia o que fazer para conseguir o dinheiro dela. Ela balançou a cabeça e continuou até cansar de olhar coisas sem sentido e pessoas sem cultura. Por que Maria sim era culta, tinha um pôster da última virada cultural na porta de seu quarto.Entrou na Igreja de São Bento, ficou deslumbrada com tanta beleza, chorou quando viu o homem Crucificado e se assustou com o valor do dízimo cobrado, saiu da li correndo. Para que vou comprar lugar no céu? Se aqui na Terra eu pago alugue!Passou na 25 de Março comprou um monte de muamba e entrou no ônibus, entrou não no sentido de entrar, por que nos ônibus de São Paulo você não entrar é empurrado para dentro a força. Chegou em casa abraçou seu três filhos, ouviu o ronco do seu marido que dormia bêbado no sofá. Ligou a televisão e ficou a fantasiar a cena linda que via. Mulheres perfeita com homens perfeito vivendo e lugares perfeito e pensou. - Esse povo nunca veio no centro de São Paulo no horário de pico! Pegou a tábua e foi passar roupa.
Osvaldo Valério

segunda-feira, 13 de abril de 2009

despedida.



A sala encoberta pela névoa de fumaça saindo da boca do Malaquias tornava o ambiente respirável apenas para quem fuma. Seu charuto entre os dedos enrugados era a marca de um dos vícios que o acompanhava desde sua adolescência. As paredes rústicas com a pintura deformada pelo tempo era o cenário observado pelas vistas cansadas do velho Malaquias sentado em uma poltrona rasgada que enfeitava a pequena sala. O silêncio o envolvia, tornando possível ouvir o barulho dos seus pensamentos levando-o ao seu passado. Levantou colocou seu terno azul escuro desbotado pegou sua gravata preta que o enfeitava em ocasião especial e penteou seus poucos cabelos brancos que encobriam a cabeça. O charuto foi de encontro ao um cinzeiro de metal enferrujado e com muita dificuldade levou a mão no bolso e tirou o velho relógio que o acompanhava décadas e viu que estava atrasado, com dificuldade foi andando até a porta, apesar de ser dia, estava escuro e caia uma neblina fria, abriu seu guarda-chuva que também servia de muleta para escorar o corpo velho quando precisava. A rua de paralelepípedo atrapalhava a movimentação dos pés. Chega certa idade os pés começam a pesar muito, e se mover torna uma luta diária. A garoa fria molhava seu sapato preto que reluzia a cera que foi aplicada cuidadosamente. Malaquias olhou para uma gota de chuva que escorria pela bordas do chapéu preto que encobria os poucos cabelos grisalhos que restavam na cabeça. Os pés pesados que prosseguiam passo a passo driblando a fraqueza que a vida expressava em seu rosto. A envergadura das costas denunciava cada ano de dificuldade sustentada pela tristeza que o guiava. A pouca fumaça do ar quente liberada pela boca em contato com a neblina fria, mostrava seu problema de respiração que lhe roubava o fôlego pela narina. A rua estava deserta não sabia se era pela neblina ou pelo dia que apenas ele conhecia a importância! Seguia lentamente e a sua memória cansada buscava flashs de fatos vivido no tempo em que a felicidade habitava aquela vida. Foi casado durante cinqüenta anos e se tivesse o poder da vida daria a ela mais cinqüenta anos, nas surpresas da vida viu seu corpo se decompor no passar dos dias. Era insuportável olhar aquele corpo se transformar, aquele corpo que eu beijava, aquele corpo que me aquecia nas noites frias, que arrepiava ao meu toque, olhava para ele magra se corroendo, batia uma tristeza apavorante. Mas precisava mostrar para ela que era forte, que seu herói estava ali ao seu lado, e ia protegê-la, mais o que eu queria mesmo era desabar, era excomungar o Deus que fazia isso com ela, sentava ao seu lado, segurava a tua mão e o silêncio falava por nós, queria dizer tantas coisas, mais o que dizer nessa hora? Apenas acariciava a tua mão e ficava assim até ela adormecer. Nos dias finais que o câncer havia roubado aquele corpo de mim; ela balbuciou algumas palavras: - Sinto que estou partindo, não adianta mais lutar, ele é mais forte que nós, porém a morte leva o meu corpo, mais o meu amor vivera em ti, e onde eu estiver você vai estar em mim. Momentos depois a vida a levou. O calor da lágrima escorrendo pela sua face o trouxe para o momento presente. Avistou de longe um grupo de adolescentes que bebiam alegremente, a garrafa dançava de mão em mão, a visão foi ficando mais próxima e era possível ouvir os gritos deles, um falando mais alto que o outro, eles não o viram e teve que desviar para não ser atropelado, uma adolescente com cabelos pintados virou-se de costa e seus olhos foi de encontro ao do Malaquias, no teor do olhar e era visível o modo que o condenava, como se os anos cravados em seu rosto fossem um defeito, os jovens pensam que vitalidade da juventude é para sempre, ser velho é carregar nas costas a marca do incomodo, confundido ao lixo descartado aos porcos, se os jovens parassem e olhassem para frente cuidariam dos idosos, porque eles estavam cuidando de si mesmo no futuro, mais não, eles os vêem como um empecilho velho e doente esperando sentado em uma poltrona a sua morte, seus olhos foi de encontro à floricultura. Foi passada uma tinta na parede de frente, o vermelho foi misturado com muita água pelas manchas brancas que destacavam mais do que a cor que deveria ser. As flores eram armazenadas em prateleiras feitas de tijolos, o piso molhado pela água escorrida das plantas dava uma impressão de um ambiente mal cuidado, mais isso não importava mais para o Malaquias, nada era mais desonrado do que ver o caixão da sua amada descendo buraco a baixo. A mulher largou as rosas que cortava no balcão, limpou sua mão no avental sujo e veio de encontro ao Malaquias: - As mesmas de sempre?
Ele balançou a cabeça que sim. A mulher entrou e saiu com um vaso de flores brancas de cemitério, e entregou-o, olhou no calendário e fez uma marca, todo mês nesse dia aquele velho lhe comprava flores, sempre teve curiosidade de perguntar o porquê, mais antes dela concluir seus pensamentos, ele já estava vagarosamente atravessando a rua, um carro parou, Malaquias o fitou com os olhos, ainda havia pessoas boas neste mundo, pensou, e atravessou devagar. O muro do cemitério parecia interminável para um velho da sua idade, em passos lentos, ele chegou, ficou ali parado em frente com o vaso na mão, observava aquele corpo frio deitado dentro daquele túmulo, a garoa cessou em respeito aquele momento, pensou-o, foi devagarzinho, tirou o vaso de flores secas do mês passado e colocou o novo, secou o túmulo com a mão deixando o ainda úmido e sentou ali. Começou a falar coisa que só ela conhecia, deu risada, chorou e agradeceu cada momento que ela cuidou dele, sorriu a dizer que hoje era o aniversário de casamento deles e entristeceu ao lembra que era a primeira vez em cinqüenta anos que ele passava sem o seu olhar, sem o seu beijo, sem a sua presença, limpou uma gota da água na sua foto fria e solitária que enfeitava o túmulo, olhou nos olhos dela, parecia que a olhava e o agradecia por manter vivo esse amor, ele beijou a foto, arrumou o vaso que estava torto, fez uma prece de agradecimento e voltou para sua solidão esperando o dia em que a vida os unisse de novo.
Osvaldo Valério

domingo, 1 de março de 2009

Professora.



Ana pega a sua pasta guarda dentro do diário de classe deixando tudo arrumado porque amanhã será o primeiro dia de aula. E o primeiro dia de aula pode causar duas reações, conquistar o coração dos alunos ou a repulsa deles.
Ana sempre foi uma boa professora, uma pessoa compreensiva e com um sorriso simpático no rosto, mas carregava na mão direita empunhada a espada da justiça e isso trazia empatia com alguns alunos que não idealizavam as regras impostas pela boa educação. Ser professora é ter na mão a responsabilidade da vida de seres tão pequenos e inocentes que ver na figura do professor um exemplo para a vida. E Ana sabia disso. Classes que eram vistas como problema faziam festa de aniversário para ela. E seu olhar compreensivo criava um elo com os alunos de ser comunicada a primeira mão de uma gravidez precoce, a que deixava a muito triste por sentia de imediato o futuro de uma criança sendo mãe de outra criança. Ver um aluno não apreendendo era motivo de tristeza por acreditar que o erro era sempre dela e não dos alunos, porque o papel de uma professora era ensinar e não ver seu aluno partir na duvida. Era uma professora exigente e buscavam nos alunos o máximo e sabia que eles sempre podem dar mais. Ela só esquecia que carregava no peito uma bandeira de ensino falido aonde os políticos que deveriam se preocupar nunca sujou suas mãos de giz e defendia a criação de jovens com pouca capacidade de raciocínio. Mas isso não era motivo para Ana desanimar, acreditava em seus alunos e na capacidade deles de mudar o mundo. Respirou fundo, ajeitou o cabelo e entrou na sala de aula e com um sorriso brando saudou-os: - Bom dia! É um prazer imenso estar aqui com vocês e tenho certeza que esse ano vai ser maravilhoso. E assim Ana iniciou mais um ano com a missão de transmitir seus conhecimentos através do amor e paciência de uma professora que não desisti nunca.

Osvaldo Valério

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Saudade do Amor!


O Amor estava suspirando seus lindos versos pelos campos floridos da tranqüilidade fazendo seus mais belos planos para o futuro. À vista de longe a Saudade vindo em sua direção. Seu semblante mudou repentinamente! – Não de novo não! Tenho que evitar esse encontro, a Saudade não pode chegar perto de mim! Preciso me esconder no coração de alguém. Mais quem? Hoje é difícil encontrar um coração que me queira de verdade, vive falando no Amor, mais quando eu chego, eles ficam com medo e buscam a Saudade!
O Amor agachou atrás de um pé de flores vermelhas, observando de longe a Saudade, que não parava de procurá-lo e ele começou a reviver lembranças boas que apenas quem amou de verdade possa ter vivido e quanto mais ele lembrava mais a Saudade chegava perto. Ele suspirou baixinho: - Por favor! Comecem a amar mais, para aloja-me em seus corações e nunca mais sair! Sei que a Saudade em um coração apaixonado machuca, mas quando aceitar o Amor verdadeiro no coração, ele se torna uma rocha e nada pode feri-lo. - Olha quem está aqui! O grande e reverente o Amor. Mais uma vez você foi abandonado ao acaso por duas pessoas insensíveis? O Amor cabisbaixo levantou a cabeça devagar e balançou afirmando que sim. A Saudade imponente levantou o braço direito, bateu a mão esquerda no peito e olhando para cima disse: - A sua teimosia que te leva a essa situação, já te disse que ninguém acredita em você, eles podem até querê-lo, mais acabam ficando comigo mesmo, sua companhia inseparável... A Saudade! O Amor brando e compreensivo, como deve ser o amor, busca os olhos firmes da Saudade.  - Eu não sou para ser acreditado, porque eu não sou uma mentira. Eu sou para ser vivido, por que sou um sentimento. Não importa se você acredita ou não, quando eu chego você apenas me senti. - Bonitas palavras Amor, mas porque está sozinho agora?  - Está sozinho, pode significar que estamos no amor ou esperando por ele. Porém, poderá estar no meio de uma multidão vivendo a Saudade do reencontro e se faltar à pessoa amada estará incompleto, essa é a diferencia entre nós. Saudade! - Posso afirmar que você tem suas virtudes, mas acredite Amor, existem mais pessoas vivendo na Saudade do que desfrutando dos seus belos encantos. -Posso afirmar Saudade, a alegria que é quando uma pessoa que está com você encontra o Amor. O coração acelera, a voz fica rouca, tudo pára, sobrevive à magia do amor presente, é para esses momentos que existe o amor, e para os outros momentos... Esses podem ficar com você, Saudade! A Saudade demonstrou uma leve presença de desanimo às duras marteladas das palavras do Amor. - Se o Amor é magnífico assim, por que as pessoas vivem me chamando? Estou com Saudade, aparece! Você não me liga, estou com Saudade! - Saudade, entenda que nós dois caminhamos juntos. A saudade serve para lembra que amamos. A plenitude do amor é o encontro das duas almas que se amam; e a falta de uma da outra é percebido com a presença da Saudade. - Posso acredita que não somos inimigos? Balbuciou a Saudade. -Pode! Nós somos irmãos! E acredite, no amor não existem inimigos! Os dois se abraçaram e seguiram em busca de um novo coração para alojar suas maravilhas. Aonde existe Amor há Saudades e aonde há Saudades é por que está chegando um grande Amor.                                                       
Osvaldo Valério.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Eitâ português confuso!


   A língua portuguesa é uma verdadeira confusão em minha mente, começando com a briga dos teres ou haveres, teres é bem moveis, haveres é bem imóveis. A  Empresa é um bem imóvel, e quando a empresa muda de estado? Opa! E agora? Ela é teres ou haveres? Essa é a melhor! Porque separado escreve tudo junto e tudo junto escreve separado? E o pleonasmo de sair para fora ou entra para dentro, misturado com o Silogismo, Sofismo, Epiquerema e Entinema, cacografia e cacófato... Calma leitores, não estou ó ofendendo, são apenas figura de linguagem. Nossa! E os porquês! Uso por que junto ou porque separado? São tantos porquês, que não entendo o porquê de tantos porquês. E a crase, ou confusão! Se volta da Bahia, leva crase, porém, se volta de Fortaleza, não leva crase, sendo assim posso afirmar que: se volta da, leva crase, se volta de crase para que? A conclusão de tudo isso, é que apenas sei que no final, nada sei, mais como dizem os brasileiros: - Português nós sabe...

Osvaldo Valério

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A Dor de Áries


No campo de batalha ouvi-se gritos de sofrimento e dor, homens caídos ao chão, sangue corria como um pequeno córrego com suas águas tristes. Áries parou de lutar, olhou para seu oponente caído em seus pés e a sua espada encoberta de sangue perdendo o brilho do metal. O som agudo da trombeta soava ao vento que levava ao ouvido de todos o gosto de mais uma vitória invicta misturada com o sangue jorrado pelos seus inimigos.
Os soldados levantaram sua espada ao som do grito de vitória correram ao encontro do seu General.  Áries permanecia calado olhando fixamente para sua espada que refletia os corpos caídos ao chão. Os soldados pararam em frente do General esperando ouvi as palavras de vitória, porém o General permanecia em silêncio. - General?Gritou um soldado. Áries ergue sua espada lentamente e da sua boca soou uma voz triste: - Voltem para suas casas, à guerra acabou. Baixou a espada e se virou para ir embora, quando da multidão surgi uma voz: - Passamos frio, fome, estamos a um ano longe de nossa casa, esposa e filhos, damos a nossa vida em seu favor, vencemos uma guerra em seu nome e quando finalmente terminamos você apenas manda nos voltar para casa? Áries virou lentamente para os soldados, cravou sua espada no chão, uma gota de sangue escorria lentamente dela em busca de apoio. - Soldados?- Olhem para vocês, suas roupas, as suas espadas, olhem em volta de vocês, quantas mães estão chorando agora? Quantos filhos estão sem pai? Quanto sangue foi derramado? E vocês pedem para eu comemorar? - Fomos treinados pelo senhor, matamos em seu nome. Os olhos de Áries lacrimejavam, todos na multidão esperavam uma resposta. - Esse fato me incomoda, Deus me deu o poder da luta, da determinação, e da glória das vitórias, mais eu não vejo mais sentido na guerra pela a espada, lutar pelas idéias de um homem que permanece sentado em um trono e não conhece o gosto do sangue do seu inimigo e também não ouve o que nós ouvimos antes de dormi a vozes de piedade balbuciado por eles ao cair ao chão, não sente o olhar de seu inimigo morrendo em sua espada. - General o Senhor quer que abandonemos tudo que aprendemos até agora? Esta sendo injusto com toda essa gente. Gritou o soldado. O General olhou nos olhos dele. Arrancou a espada do chão ergue-a mais alto que pode, seus olhos foi de encontro aos pássaros que voavam em cima da carniça estendido pelo campo de batalha, gritou bem alto para que todos ouvisse. - Essa espada meu deu glória, fama e riqueza, porém ela me deu uma dor no coração que nada pode arrancá-la, carrego comigo todas as vidas que tirei, estou deixando vocês, não quero que ninguém me acompanhe, vocês nunca mais ouviram falar de mim. No trono vão dizer que sou covarde, mais o verdadeiro covarde é aquele que levanta sua espada para o seu próximo, tem que ter muita coragem para baixá-la quando a situação pede que a levantemos. Sei que vocês não vão entender a dor que estou sentindo, para entender a dor de um general que tem o poder de decidir entre a vida e a morte é igual o Mar temos que mergulhar em suas profundezas para sentir o sabor da suas águas. Antes que alguém respondesse, Áries assobiou e seu cavalo branco veio correndo em sua direção, ele montou no cavalo olhou para todos os soldados que o observava, soltou sua espada, o som do metal com a terra quebrando o silêncio do momento. O Soldado abaixou pegou a espada ergue e virou para todos. - General nós vamos continuar a lutar pela sua espada, enquanto houver um pingo de bronze nela nos relembraremos o seu nome, buscaremos na ponta da espada entender a sua dor e porque está nos abandonando e em uma só voz todos gritaram: - Viva o Áries nosso guerreiro.  O Som das vozes humanas foi à espora que acelerou o seu cavalo que saiu a disparada cortando a relva molhada levando o Áries ao encontro de sua dor.

 Osvaldo Valério

 

 

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

CORRA! O PLANETA TERRA VIROU LAMA.

João pega sua pasta, desce correndo as escadas da sua mansão, para mais um dia de reverência ao capitalismo. Abre aporta que dar acesso à rua, a expressão em seu rosto mudou consideravelmente. Ficou estatizado com o cenário que seus olhos registraram, era a destruição do Planeta Terra, na porta de sua casa. As árvores e o solo secos e rachados pelos os raios de Sol que em contato com o asfalto faiscavam e destruíam como uma arma movida a laser. O cenário de destruição deixou-o apavorado. Sua pasta escorrega de sua mão caindo ao solo seco. Suas pernas saem disparadas pela avenida deserta, corria sem saber para onde o aquém recorrer. O calor era tanto que seu corpo transbordava de suor. Tira seu paletó e sua camisa jogando os no asfalto. A névoa de fumaça que o perseguia foi se dispersando e dando forma ao um outdoor, ele aumentou a velocidade para fugir do que via, mas o outdoor o acompanhava, letras piscando foi formando uma frase no fundo ressecado do outdoor. “O homem desmata as florestas, poluem o ar para acumular riquezas ”. E em segundos o outdoor foi encoberto pela nevoa. Continuou a correr mais rápido, seus sapatos grudavam no asfalto quente dificultando-o, seu corpo pedia água pelo desgaste sofrido. Avistou de longe uma torneira no meio da destruição, o local só poderia ter sido um posto de gasolina por haver um pedaço de uma bomba jogada aos entulhos, ofegante abre a torneira, ouve um barulho, e na esperança de sair água, fecha seus olhos e estende suas mãos, sentia a leve macieza da água antes mesmo dela tocá-lo. O barulho foi aumentando, e em suas mãos foram arremessado um monte de baratas que corriam pelos seus braços tomando-o por inteiro, desesperado começa a balançar os braços jogando as baratas longe. A névoa foi dispersando e o outdoor surgiu, as letras começaram a se mexer com se estivesse conversando com ele.“Em nome ao capitalismo o Homem poluem os rios e desperdiça água potável. O que fará ao abrir a torneira e não sair mais água?” Antes dele completar o raciocínio, as letras voltaram a se mexer velozmente flutuando no ar e fazendo circulo em volta da sua cabeça e parando a tua frente. Sua narina ressecada detector que o ar estava poluído, seu pulmão ofegava a procura de ar puro, o corpo não agüentou, e seus joelhos se curvaram. As letras paradas começaram a se mexer, seus olhos vermelhos lacrimejante ainda conseguia ver o pouco que a nevoa não encobria, frases foram se Formando. “Acharam que podia viver sem árvores! Acabaram com as florestas”. “Acharam que podia viver sem água! Poluíram os rios.” “Acharam que podia viver sem ar! Tornando-o irrespirável”. “Preocuparam tanto com a tecnologia que esqueceram de preservar a casa aonde mora”.  Seu pulmão já não agüentava mais e com pouca consciência que restava conseguiu pensar: - QUAL O HOMEM QUE TEVE A CORAGEM DE FAZER ISSO COM O NOSSO PLANETA? As letras aumentaram a velocidade e foram caindo ao chão uma a uma, ao restar apenas quatros, foi diminuindo a velocidade e formando a resposta da pergunta dele, o homem que fez isso foi: - VOCÊ. Sem condição de reagir à resposta o seu tronco caiu, sua cabeça tocou ao chão junto com as quatros ultimas letras e ai tudo se apagou. João acorda assustado e vai até o banheiro, olha no espelho e começa a relembrar o sonho. O que aquelas palavras queriam dizer? Será um aviso que o Planeta estar virando uma lama de destruição? Mais se for um aviso! O que posso fazer? Tenho minhas idéias de preservação ambiental, mas, só apenas mais um no meio a multidão! Abre a torneira devagar, preocupado com o que poderia sair, mas se alegrou com o jorro de água cristalina que surgiu, jogou água no rosto e voltou para sua cama, acompanhado pelos pingos da torneira que deixou aberta. Envolvido pelo som da torneira, reflete no espelho a imagem ofusca do autdoor: “Não adianta ter pensamentos de preservação ambiental, e querer salvar o mundo, se não conseguimos praticá-los em nossa própria casa”. No outdoor as letras começaram a se mexer, formando uma árvore e nela estava escrito: - SALVE-ME.   Osvaldo Valério

Apenas uma companhia!


Quando a solidão bate a porta, ela exprime na fechadura e insisti tanto que acaba entrando. Olhei para o telefone que não toca há dias. O controle da Televisão funciona sozinho ao trocar de canal. Peguei o carro e saí sem rumo em uma noite quente de sábado. Os barzinhos estavam lotados, casais apaixonados conversavam. Olho para o banco do passageiro e continuava vazio. Peguei o celular, ia ligar para ex-namorada, mais a ex não era uma companhia, mais sim, uma adversária de uma disputa que duraram 3 anos. Mais adiante havia uma fachada vermelha piscando, dei seta para entrar, porém mudei de idéia. Pagar pela companhia de uma mulher era fora dos meus princípios e humilhante para qualquer homem que se preza. Continuei em baixa velocidade esperando os faróis fechar para demorar mais minha andança pela cidade, observava os carros passando apressadamente, não entendia o porquê de tanta pressa se corremos para ficar mais tempo parado no mesmo lugar! Sentei no sofá da sala e fiquei a imaginar, quantas pessoas estavam agora procurando a mesma coisa que eu. A sirene da campainha toca, ao abrir a porta deparo com minha vizinha. - Tem açúcar? Timidamente eu resmunguei: - Se não tiver, eu arrumo! Sente que vou buscar. Fui em direção a cozinha pensando, não precisava ter rodado a cidade toda, bastava ter ido ao apartamento ao lado, por que ali havia uma pessoa procurando a mesma coisa que eu... Apenas uma companhia...  

Osvaldo Valério

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Simplesmente Mulher



 

Nascemos e somos entregue nos braços de uma mulher, somos banhados pelo choro da emoção e envolvido pelo amor da nossa mãe. Somos acostumados a viver envolta de uma mulher, nos amando, nos vigiando e ensinando a verdade da vida. Essa que se alegra a nossa chegada e chora com nossa partida, mais não perde o charme de ser mulher, exala seu perfume florido por onde passa purificando o ar que nos rodeia e buscando na estranheza do seu ser a paciência para agüentar nosso descontrole nos momentos mais difíceis. Mulher que tem a coragem de perdoar coisa hedionda por acreditar na força do amor, porém tem a frieza de levantar seu punho para atacar quem duvida do seu sentimento. Ela canta, dança, luta, trabalha, cuida das crianças e no meio a correria ainda consegue deixar a casa arrumada. Mulher que um dia sofreu pela injustiça da ditadura masculina e no meio de lagrimas de sofrimentos conseguiu conquistar seu espaço e mostrar sua força cada vez crescente, essa mesma que precisou morrer pela chama do fogo da escravidão para o mundo perceber o quanto era injustiçada e que elas não merecem se lembradas apenas um dia, mais o ano todo por carrega no ventre a dádiva da vida e no coração a fonte inesgotável de amor. Que o dia hoje seja mágico como o olhar suave de uma mulher. 



          Osvaldo Valério