PAPAI DO CÉU!

 João Vitor apagou as luzes do quarto deixando apenas o abajur aceso, ajoelhou aos pés da cama, juntou as duas mãos e começou a rezar. - Papai do Céu! Hoje meu pai foi me buscar na escola de carro. Sentei no banco de trás porque sou criança, fiquei olhando os prédios, as árvores, tudo de bonito que a cidade tem. O carro parou no farol e tudo se modificou, a beleza se transformou em barracos de madeiras em baixo do viaduto.  Avistei do carro umas crianças como eu, brincando com o lixo e ninguém se importava, eles estavam tão sujos que era difícil imaginar quanto tempo faziam que eles tinham tomado banho, pensei, ainda bem que minha mãe briga quando não tomo banho!  Meus olhos lacrimejaram ao ver uma criancinha de quase quatros anos, com poucos cabelos loiros cacheados caindo nos olhos, andava com pés descalço pela rua, vestia apenas uma calcinha encardida e no seu corpo sujo, marcas do desleixo no qual era submetido pelo descaso humano, na mão segurava pedaços de uma boneca, e pelo o estado, foi um presente encontrado no amigo lixo, abaixou, pegou uma metade de maçã que enfeitava o cenário da pobreza, limpou na própria barriga e colocou na boca e seguiu mastigando-a. Olhei para frente umas crianças acabavam de fazer malabares com as bolinhas. Saíram a pedir dinheiros entre os carros, uma bateu no vidro do meu pai. - Da um dinheiro tio! Meu pai que estava com ar ligado, nem abriu o vidro, apenas balançou a mão, que não tinha dinheiro. Papai do Céu! Não peço nada para mim, queria ajudar aquelas crianças, mas sou muito pequeno, então peço para o senhor tocar o coração dos adultos e que eles tenham mais compaixão e ajuda essas crianças. Eles constroem muitas coisas bonitas com tanta facilidade, que se o senhor, Papai do céu, tocar os coração deles e colocar bastante amor lá dentro, eles podem salvar todas as crianças do mundo que não tem um pai como o meu que me dar tudo...há, obrigado Papai do céu, por ter me dado um pai. Amém! 

Osvaldo Valério